Podiam ser ouvidas de muito longe, choros de criança, duas, três, quem sabe até quatro, ou talvez cinco, não sei dizer muito bem. Pareciam tristes e famintas. E eu não podia fazer nada. Apesar de tão próximo eu estava ao mesmo tempo tão longe. Distante por não saber onde estavam e o pior de tudo por não saber o que fazer. Procurei pelas chaves por todo apartamento e só fui encontrar no lugar menos provável, a geladeira. Sim, meu molho de chaves estava metido dentro do refrigerador, enfiado dentro da gaveta dos legumes e esses já estavam cheirando azedo. Peguei tudo aquilo quase vomitando, botei dentro de uma sacola de mercado e joguei pela janela; foda-se, vizinho algum ia notar, aquele prédio era uma merda mesmo. E os choros não paravam. Então sai pelo prédio a procurar. Passei na porta de outras residências e nenhum sinal de choro, muito menos de crianças. O que conseguia ouvir era somente o som das televisões ligadas e ver a sombra de pessoas andando dentro dos apartamentos,
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