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Mostrando postagens de junho 30, 2019

Maldita tempestade

sonhosesimpatias.com Choveu tanto, mas tanto, que a roupa amanheceu molhada no varal. Tinha sido uma tempestade nunca antes vista; com vendavais capazes de arrastar pequenas cadeiras de quintais, e derrubar grandes árvores. O chão de terra batida havia se transformado em lama, tudo estava sujo. Geladeiras, mesmo colocadas no alto estavam cheias d’água, água suja que não podia ser reaproveitada. A enchente assustou a todos. Sempre chovia nessa época na cidade, mas com essas proporções era a primeira vez. As ruas estavam impregnadas de lodo, pessoas corriam tentando salvar o que fosse possível. Tinha gente carregando fogões, geladeiras, roupas; tinha gente carregando gente e gente empenhando-se para sobreviver em meio a tanto caos. Como eram tristes e desoladores estes cenários. Onde só se enxergava destruição e não se vê nem um pingo de esperança. Mangueiras eram esticadas e torneiras foram abertas. Jatos de água limpa, porém, fraca, eram jogados nas calçadas. Moradores esfregav

Violação

- Eu te odeio! Eu te odeio. – Os gritos de Ana Clara eram carregados de dor. Uma angústia que ela nunca havia experimentado antes. Um sentimento ruim que corroía tudo por dentro igual ácido sulfúrico. Ana Clara estava trancada em seu quarto de criança, sentada no chão enquanto apertava contra o peito seu enorme cachorro de pelúcia; o brinquedo fora um presente do pai, e aquilo tinha sido a única boa lembrança que ela possuía dele antes de ele ter se transformado em um monstro, assustador e cruel. Eram anos de desespero. De noites mal dormidas, de pesadelos constantes e de arrepios sem fim na espinha. Ana Clara estava cansada, debilitada física e mentalmente. Ela nunca se acostumou com o pai que a botava na cama, lhe cobria, dava um beijo de boa noite e antes de fechar a porta do quarto dizia baixinho: - Papai já volta. – Como Ana Clara odiava ouvir aquilo. Por vezes ela pensou em se jogar pela janela, mas ela não queria sair como a derrotada da história. Suportaria tudo sozinha