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MEDO

Confesso que eu tive medo. Aquela sala, com aquelas características que ainda não me saem da cabeça me causaram um certo pavor. Aquelas duas cadeiras, uma em frente da outra. A casa de boneca, os brinquedos colocados num canto da parede.
O olhar ameaçador de uma pessoa que eu nunca havia visto na minha vida, uma pessoa que nem é da minha família, mas que deu segurança para falar, ou melhor tentar dizer alguma coisa. Tenho que admitir, sou péssimo para falar da minha pessoa, sou bom para falar dos outros.
Por isso no primeiro questionamento nada saiu a não ser lágrimas. Eu juro que tentei, mas foi difícil; é sem duvida a coisa mais complicada de toda a minha vida.
Dizer coisas sobre a sua vida e depois perceber que desabafar as vezes faz bem. Não comecei a escrever isso aqui com o intuito de impressionar ninguém, também não preciso disso para mostrar quem eu sou. Na verdade eu tenho vergonha de ser eu mesmo. O cara fechado, que gosta de brincar com os outros, mas que se irrita facilmente quando vira vítima do  próprio veneno.
Escrever é a maneira que eu tenho para me expressar, já que abrir a boca não é o meu forte, para falar a verdade, eu fico apavorado só de saber que terei que ficar na frente de um monte de gente. Eu travo, começo a tremer, suar, gaguejar, fico apavorado.
Sei que invento situações, mas aos poucos estou consertando esse meu grande erro. A primeira parte que foi a de admitir eu fiz.
Nunca imaginei que eu precisasse de terapia, que a cada sessão, cada palavra que sai da boca da doutora, cada olhar acalentador me fariam tão bem. Confesso que não sou o cara mais perfeito do mundo, e pretensão para isso eu não tenho, eu quero ser eu mesmo, uma pessoa melhor. Não com poucas qualidades, mas sim com várias. Eu não quero conquistar o mundo eu quero conquistar a mim mesmo.

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