O ano se encerra e nessa pressa de querer escrever algo útil,
eu começo a dar uma zapeada pelas retrospectivas televisivas e das rádios
também. Ontem, iniciei meu dia ao som da retrospectiva esportiva da Jovem Pan,
bem ruinzinha por sinal. Com o rádio desligado, pois precisava fazer algumas coisas
(comprar pão para o café da manhã), fiquei pensando em uma coisa. As redações
do jornalismo trabalharam bastante nesse 2015.
Não faltaram fatos a serem noticiados, não faltaram celas
para colocar atrás das grades políticos do mais alto escalão e empresários de
grandes construtoras. Como diz uma certa mulher, nunca antes na história deste
país, a Polícia Federal teve tanto serviço.
Ganhamos novos super-heróis, um juiz que mandou prender e
um japonês que ia buscar os bandidos de colarinho branco em suas vultosas
mansões. Vimos o povo sair às ruas, mesmo não sabendo o porquê de tudo aquilo. Ficamos
indignados com o crime dos outros, mas esquecemos de olhar o próprio rabo e
assim continuamos a fazer as coisas erradas de sempre.
Como é nosso costume reclamamos de tudo e clamamos a Deus
que viesse nos salvar. Digitamos amém e aleluia em cada postagem de conteúdo
religioso nas redes sociais, mas não fomos sequer uma vez à igreja confessar
nossos pecados.
Travestimo-nos de santinhos do pau oco e continuamos nos
comportando como animais irracionais. Matamos uns aos outros, arrumamos brigas
a torto e a direito e como sempre nos julgamos sermos o dono da razão.
Elegemos Bolsonaro e crucificamos Wyllys, não por sua
posição política, mas por ele ser uma pessoa que luta pelos direito dos
homossexuais. Não concordamos com a roubalheira, mas vira e mexe roubamos o
troco dado a mais no mercado, sem ter a dignidade de voltar e devolver a
diferença.
Somos filhos de uma revolução de merda, onde os ricos
esbanjam suas riquezas em carrões e jatinhos, e onde pobretões precisam
chafurdar o lixo em busca não apenas de comida, mas principalmente da dignidade
outrora perdida.
Vestimos a carapuça de honesto e nos indignamos com as
mazelas do governo. Protestamos, manifestamos e reclamamos da vida, no entanto
continuamos de braços cruzados.
Continuamos com a preguiça nossa de cada dia, de acordar
cedo para ir trabalhar e nos lamentamos por isso, porém não damos graças aos
céus por ter uma ocupação, ao contrario de um monte de gente que se desespera
para ganhar o pão nosso de cada dia.
Somos as pessoas erradas vivendo no lugar certo. Pois
somos dignos de sermos governados por aqueles que lá estão. Não temos consciência
humanitária e muitos menos política.
Pensamos sermos os donos da verdade, embora saibamos que
a verdade não é absoluta, só a moça do CrossFox. Moramos em um país de faz de
conta, onde a mídia faz questão de fabricar uma porcaria por mês.
Choramos por Cristiano Araújo, mas não derramamos uma
lágrima sequer pelas vitimas de atentados terroristas; somos uma subespécie de
Maria vai com as outras e copiamos tudo aquilo que os outros fazem.
“Esse é o nosso mundo, o que é demais nunca é o bastante
e a primeira vez é sempre a ultima chance. Ninguém vê aonde chegamos, os
assassinos estão livres, nós não estamos.”
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