CRÉDITO: jornalismosemfronteira.com.br
Corto
o alho e a cebola, desfio o frango, pego alguns tomates cerejas e faço o mesmo.
Ligo o fogo coloco azeite na panela e boto tudo dentro. Mexo cada ingrediente
com uma colher de pau, devo confessar que odeio cozinhar usando colher de
metal, a impressão é de que o aço possa dar gosto ruim à comida. Coloco o sal,
o orégano, a hortelã e o coloral, mexo mais um pouco, desligo o fogo e finalizo
com salsinha e cebolinha picadas.
É
uma simples receita, mas que virou rotina na minha vida nos últimos anos.
Cozinhar para esquecer dos dias tristes e dos tormentos da vida. Relaxo a cada
lágrima derramada por culpa da cebola, por cada dedo fatiado junto com a carne
e a cada prato feito de forma errada, afinal de contas ninguém é perfeito.
Política
é quase a mesma coisa. Mudam-se os ingredientes, mas o tempero se repete, assim
como se reiteram as promessas, os lero-leros, os disse-me-disse de sempre. Cada
um no seu quadrado, comprometendo-se a mudar a vida de toda uma cidade.
A
cidade está sem sal, sem tempero e consequentemente sem gosto. Falta vida, mais
alegria. Só abrir as ruas para lazer não é o suficiente, é preciso muito mais.
Fazer inúmeros corredores de ônibus e ver pontos lotados de gente em horário de
pico não é melhorar a vida do próximo. Prometer melhorar a saúde e ter o
privilégio de se tratar em um hospital de ponta é o avesso do que precisamos.
E
não adianta gargantear por aí que irá resolver os males da cidade. E em um ano
não vai existir mais fila pra nada, tudo mentira de candidato sorridente em
meio às eleições.
Para
cada um dos postulantes falta um quê a mais. Algo capaz de me convencer, pois
devo confessar que está difícil decidir. Assistir aos debates?, eu fiz esse
chato exercício, mas a cada comprometimento, vejo o buraco cada vez mais fundo.
Tanto
na cozinha quanto na política deve haver equilíbrio. Se colocar sal demais o
gosto fica ruim, ninguém come e todo mundo vai reclamar. O mesmo ocorre em uma
eleição, se você não pesquisa, não acompanha o dia-a-dia do seu candidato, no
futuro, caso ele seja o escolhido, você nem terá como reivindicar alguma coisa.
Por isso, acerte o sal, ajeite a temperatura do fogo e o mais importante, vote
direito.
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