Já passava da meia-noite quando Clarisse e
Anderson deram sinal para o táxi que vinha em direção a eles. Os dois tinham se
conhecido há poucos dias em uma festa de um amigo em comum.
E em meio ao festejo, depois de muita
conversa, deram o primeiro beijo. Dias depois, resolveram sair juntos. Papearam bastante e se conheceram melhor.
Anderson foi dirigindo, mas depois de muitas cervejas e sem condições para conduzir
o veículo, resolveu chamar um táxi.
O carro de cor amarela parou bem perto deles.
O vidro do lado do passageiro foi sendo abaixado lentamente. No carro estava um
homem magro, de olhos fundos e petrificados, com um cabelo empapado de suor. Sorriu
para os dois e perguntou:
- Para onde eu vou levar o casal?
-Para casa. – Respondeu Anderson. Já abrindo
a porta de trás do carro.
Ambos se acomodaram no banco de trás e ali ficaram
um bem perto do outro. O carro saiu. À noite era decorada com lindas e
brilhantes estrelas no céu e postes de luz apagados na terra. O táxi balançava muito
por causa dos buracos na pista e isso fez com que Clarisse batesse com tudo a
cabeça no teto.
Clarisse deu um grito de dor!!!
- A senhorita se machucou?- Perguntou o Taxista
fingindo preocupação.
- Não senhor, você não tem culpa dos buracos
dessa cidade.
- Tem razão. - Disse ele. – Se vocês permitirem
eu conheço um caminho que não tem buracos.
Anderson e Clarisse se olharam.
-Vai ficar mais caro a corrida?- Perguntou
Anderson.
- Não se preocupe, chegando lá eu dou um bom
desconto.
- Ok, então pode ir.
O carro entrou por uma rua bem iluminada e sem
buracos, percorrendo mais ou menos dois quilómetros até parar no meio da pista.
- Me desculpe, a gasolina acabou, descuido meu.
–Disse o motorista com um ar de lamentação.
- Mas como é que é? – Gritou Anderson. – Eu
estou num lugar desconhecido, perdido?
- Exatamente, mas eu lhe peço um pouco de
calma, eu vou ver se consigo um posto aberto por aí.
- Calma??? – Esbravejou Anderson. – Como o senhor
me pede para ter calma?
- Senhor. Tem um posto aqui perto e...
Com as mãos sacudindo para lá e para cá e
andando de um lado para o outro, e rodando igual barata tonta, Anderson começou
a se desesperar.
- Olha esse lugar?! Totalmente escuro sem
nada em volta, completamente deserto. O senhor quer o que? Que eu fique
calmo??? Impossível, não me peça isso numa condição como essa.
- Eu vou buscar a gasolina, está bem?- Disse
o motorista falando com uma voz mansa. - Mas para a segurança de vocês eu peço
que esperem dentro do carro, por favor.
Anderson respirou fundo, a moça assustada aguardava por ele no carro.
Em poucos segundos o taxista sumiu da vista do
casal que aproveitou o momento para trocar algumas caricias e passadas de mão.
De repente uma batida na porta
- Saiam do carro!!! – Disse o homem num tom
de voz estranha, bem diferente do tom de antes.
Anderson e Clarisse saíram, o taxista sorria
para eles. Em sua mão direita um galão com a gasolina e na esquerda uma
caixinha minúscula, uma caixa de fósforos.
- O senhor não vai colocar a gasolina no
carro? – Perguntou a moça, com voz tremula.
O taxista balançou a cabeça em sinal de
negativo por diversas vezes.
- Não, eu desisti do carro. – Disse ele
simplesmente.
- E o senhor vai fazer o que com isso? –
Perguntou Anderson, que tremia tanto quanto Clarisse.
Com um
sorriso demoníaco nos lábios ele jogou o combustível no casal, riscou um
fósforo e jogou em cima deles. O fogo os envolveu rapidamente e em poucos
minutos seus corpos estavam em carne viva.
De
longe o taxista assistia a tudo, sentado e com os braços cruzados, contemplando
aquela horrível cena de terror. Clarisse e Anderson que tinham acabado de se
conhecer queimavam e se contorciam de dor. Na escuridão a única luz que se via
era a do fogo queimando os dois que morreriam abraçados.
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