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Marina

CRÉDITO: ciberia.com.br

Sua saúde estava frágil havia muito tempo. Deitada em sua cama, Marina esperava pelo provável, a morte. Trancada consigo mesma ela pôde lembrar-se de sua juventude, dos dias de mocidade e de sua paixão pela dança. Como eram bons aqueles momentos, em que ela desfilava toda sua audácia como dançarina e era disputada pelos homens, todos sem exceção gostariam de ter com ela. Marina, que em sua mocidade tinha os cabelos loiros e agora na velhice, enferma, sustentava um resquício de cabelo, um sorriso sem graça e um corpo magro, parecendo uma caveira. Pobre Marina. Pobre dela. Viveu, porém, não foi feliz. Amou, mas nunca foi amada. Teve homens a seus pés, mas por puro interesse. Ninguém a amou como ela gostaria, Marina só foi usada. Com o passar dos anos ela só acumulou dentro de si, mágoas e rancores. E toda essa tristeza acumulada transformou-se em doença. Depois disso, Marina morreu para o mundo, mas não fisicamente. Quando tinha vontade de viver, ficava a vagar pela casa. Vagava pelos cômodos sujos, escuros e com cheiro de podridão, odor de morte. Quando esse desejo passava, ela deitava-se em sua cama. Vestida com uma camisola branca com rendas bordadas nas mangas, à moribunda Marina pedia a Deus que a levasse dali de uma vez por todas, no entanto, seu pedido era sempre negado. Marina estava sem sorte, aliás, nunca teve. Nunca jogou, pois saberia que nunca iria ganhar, nunca arriscou, pois sempre perderia. Sua vida era uma eterna frustração. Sem esperanças e desesperada, Marina foi até a janela. O vento bateu em seu rosto velho e os poucos cabelos que ainda lhe restavam bailaram no ar. Como um anjo, de asas grandes e bonitas, Marina deu adeus ao seu sofrimento. E lá se foi ela, voando alto em direção à eternidade.

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